quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Azares que se igualam*

* Por Luis Fernando Ramos



Fernando Alonso sempre diz que ao longo de um determinado período de tempo, a sorte se iguala. Se refere à possíveis azares com quebras mecânicas: se eu tiver duas no início de um campeonato, provavelmente meu oponente também terá duas até o final. Apesar do espanhol ser por vezes manipulador em algumas teorias suas, nesta ele é preciso. Explico a seguir.

No ótimo site do F1 Fanatic, um leitor fez um levantamento completo de todos os fatores que influenciaram as corridas da dupla da Red Bull nestas quatro temporadas e meia em que Sebastian Vettel e Mark Webber estão correndo juntos. O resultado é estarrecedor: ambos tiveram 33 falhas mecânicas - exatamente o mesmo número. Webber teve mais azar com problemas em pit-stops (7 a 2), mas Vettel definitivamente foi quem mais sofreu com abandonos resultantes dos contratempos em geral: 8 a 3.

Os números vão além de confirmar a teoria de Fernando Alonso. Eles encerram a teoria de que um time privilegia o trabalho em cima de apenas um carro. Mesmo de colegas da sala de imprensa, já ouvi muitas frases do tipo “é impressionante como só o carro de Webber que quebra”. O que não é verdade. Vale lembrar das quebras que Vettel sofreu quando liderava os GPs da Europa do ano passado e da Inglaterra deste ano. Foram cinquenta pontos jogados fora.

Muitos de nós criamos nossa cultura sobre a Fórmula 1 nos anos 70 e 80. Naquela época, realmente haviam mais quebras e era normal um time prestar mais atenção no carro de um piloto que estivesse na briga pelo título - e o outro sofria mais problemas por conta disso.

Mas a categoria mudou muito desde então, especialmente na questão da premiação. Hoje uma boa classificação no Mundial de Construtores garante uma boa saúde financeira, então as equipes cuidam muito bem de ambos os carros para poder sempre somar o maior número de pontos possíveis.

O que pode acontecer às vezes é de, no processo de desenvolvimento ao longo da uma temporada, a fábrica conseguir fazer apenas uma versão nova de um aerofólio ou de um assoalho para determinada corrida. Aí a equipe realmente prioriza quem ela acha melhor.

Tivemos o famoso episódio do GP da Inglaterra de 2010 com a reclamação pública de Mark Webber. E no ano passado, Fernando Alonso correu várias provas na fase final do Mundial com atualizações que não existiam no carro de Felipe Massa. É normal e uma peça dessas, quando funciona a contento, dá uma vantagem de uns dois décimos de segundo no máximo. Não é fácil, mas dá para o preterido tirá-la no braço.

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