terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Desafio Internacional das Estrelas – Primeira Vez*

* Por Débora Longen


Vários amigos tinham manifestado vontade de ir, alguns até planejaram a viagem, mas, por fim, ficamos novamente só eu, o amigo-irmão Fernando e o meu irmão de verdade, que tem marcado presença em vários eventos de automobilismo. Talvez ele esteja começando a entender meu amor por corridas. Ou talvez esteja só me seguindo, tipo um cachorro fiel.

Apesar de morar mais ou menos perto, não sou uma frequentadora assídua do Parque Beto Carrero. Só fui lá uma vez quando era criança e uma em dezembro, nas 500 milhas de kart. Mas não era o suficiente pra eu saber como chegar, então obriguei meu hóspede a ser também meu motorista e guia.

No sábado, dia 12, esperava o Fernando pra almoçar, mas o fidapu chegou só na hora do café da tarde. Partimos de Blumenau rumo a Penha umas 17h40 e chegamos ao kartódromo por volta das 18h20, já durante o treino de classificação. Não foi difícil encontrar o local, nem retirar os ingressos, mas os quase 30 reais por dia no estacionamento doeram no nosso bolso.

Chegando lá, ficamos na arquibancada geral, por ali na Curva da Vitória, pelo menos até que acabasse o Top Qualify. Já estava começando o grupo 2 quando arrumamos nosso lugar junto à grade, pertinho da entrada dos boxes. Cada vez que o Alonso passava, gritávamos “Where is Newey?” ou “Tadinho, tá com o pior kart dos últimos vinte anos!”, e, quando soubemos que o Massa ia largar à frente do espanhol na primeira corrida, ficamos gritando pra ele romper o lacre de novo (GP dos EUA - 2012). Não só nós; todos ali em volta gritavam elogios pro asturiano mais querido do mundo. Cheguei à conclusão de que, não importa se você é fã do Alonso ou não, a presença dele em um evento meio que obriga você a xingá-lo. É irresistível.

Depois do treino, começou a exibição do Freestyle Motocross, aqueles doidos que saltam com suas motos por cima de obstáculos (inclusive humanos, que devem ter se cagado na hora). Mas, mesmo com o locutor todo animadinho tentando puxar gritos na torcida, eu queria ver mesmo era kart correndo.

Depois do show de motos, o narrador no kartódromo começou a entrevistar alguns pilotos, tanto do Desafio das Estrelas quanto da Corrida dos Artistas, que seria dali a poucos instantes. A um certo ponto da brincadeira, flagrou o tal Fernando Alonso apontando a câmera do celular pra uma das arquibancadas. Perguntado sobre o que estava fazendo, o espanhol simplesmente respondeu: “Fotos de mulheres!”. Aí virou bagunça... as meninas do kartódromo inteiro começaram a gritar como se tivessem visto baratas gigantes, mutantes e voadoras. Uma das moças fotografadas foi localizada e teve seus trinta segundos de fama. E não era eu. Até porque o Lonso sabe onde me encontrar quando me quiser – pronto, falei.

Houve a cerimônia de abertura, com declaração de autoridades e hino nacional entoado pelo Mauricio Manieri, que, logo depois, participou da primeira corrida com os artistas. Um negócio meio muito amador, com muitos erros e ultrapassagens. Pra gente dar risada, era ótimo, e já servia como aquecimento pra prova que viria depois.

Antes da primeira prova do Desafio, aconteceu o Drive Parade, o desfile dos pilotos pelo kartódromo. Esperava todos juntos em carro aberto, como na F1, mas foi bem mais legal. Vieram de moto, um a um, passando pela gente, parando pras fotos, se exibindo, permitindo que cada piloto recebesse o apoio da galera, individualmente. Isso significa, claro, que usamos essa oportunidade pra xingar mais o Alonso, puxando o tradicional grito de “Alonso, viado!”, que tomou conta da arquibancada. Aliás, o espanhol foi um dos poucos que dividiu moto com outro piloto – veio NA GARUPA do Massa, o que rendeu ainda mais risos e elogios. Agora sim era a chance perfeita pra ele romper o lacre, se é que vocês me entendem.

A corrida foi muito foda, cheia de alternativas, e mostrando Jules Bianchi como o ótimo kartista que eu já sabia que ele era. Na última edição do Desafio, o francês só não foi campeão porque foi desclassificado da segunda bateria, onde não atingiu o peso mínimo do kart. Esse ano, com Di Grassi e Liuzzi, formou um podium muito digno. Enquanto isso, mais lá pro meio do grid, Alonso aprontava das suas. Cortou caminho, empurrou todo mundo, só faltou bater na Big Tower. Felizmente, não somou ponto nenhum, ao contrário do Massa, que chegou em 10º.

Depois do podium, fomos até a saída tentar ver algum piloto. Dizem os enxergadores que Koba-san e Alguersuari passaram perto da gente, mas, sacumé, escuro, multidão, eu mal conseguia ver meu irmãozinho. Enquanto ficávamos por lá, em vigília, um carinha da organização do evento começou a conversar com a gente e nos orientou a chegar lá muito cedo no dia seguinte; era a melhor forma de conseguir uma foto. Acatamos a ideia, desistindo de ficar ali, até porque não tivemos resultado nenhum mesmo.

Em casa, mais tarde, teve a ocorrência da pizza de calabresa, mas não quero comentar, senão eu choro.

Domingo, 5h da manhã, já estávamos de pé. Chegamos ao kartódromo por volta das 6h30 – e teria sido antes se não fosse a necessidade de achar um posto de gasolina aberto em Blumenau àquelas horas. Novamente no Beto Carrero, novamente na entrada, montando guarda, mas dessa vez sozinhos e podendo contar com a luz do sol. O problema é que o evento é organizado pelo tal Felipe Massa, então, todo estrelismo era pouco. Os pilotos vinham todos de helicópteros, vans ou carros fechados.

O ÚNICO que entrou a pé, passando por nós, foi o Luciano Burti, que, com isso, subiu muito no meu conceito. Sempre disseram que ele é muito metidinho (e que ficou pior depois que se tornou comentarista da Globo), mas o cara foi super querido com a gente, não negou atenção nem foto. Uma pena ele ter se dado mal nas duas corridas. Amigo meu tem que se dar bem, ora, tenho uma reputação a manter. Fica ligado aí, Lu.

Outro simpático – mas esse é sempre, já é famoso por ser gente fina – foi o Pizzonia. Dos que entraram de carro, SÓ ELE abriu o vidro e deixou a gente tirar umas fotos. Aposto que, se não estivesse atrasado, ele pararia o carro pra fotografar com a galera.

Dos demais, nem sinal. Um ser disse que o Alonso autografou a camiseta dele, mas no dia anterior. Outro conseguiu uma foto do Massa, saindo do helicóptero... mas, sinceramente, o língua-presa era um dos únicos que eu NÃO fazia questão de eternizar na minha câmera.

Alguns minutos antes do Warm-Up (ou Armape, no dialeto do locutor), fomos pra arquibancada e não saímos mais de lá até o fim do Desafio. Não tem muito o que contar sobre os eventos de domingo, porque a programação foi a mesma de sábado – inclusive com mais um Drive Parade pra gente brincar. Só há dois pontos a ressaltar:

- A marmelada descarada da “filial catarinense da FIA”. No sábado, tínhamos pensado que a organização não teria visto ou teria se fingido de cega em relação ao corte de caminho do Alonso. Mas, logo no começo do Warm-Up, se justificaram dizendo que “o incidente foi anulado porque o piloto se justificou dizendo estar tentando evitar uma colisão”. A pergunta é: colisão COM QUEM? Ele já tinha se tocado com outro kart no começo da volta, não havia mais ninguém ali, nem à frente e nem atrás do espanhol. E, pelos cálculos “de olho” do Fernando, o cara teria ganho pelo menos uns oito segundos com o atalho. A única explicação é que ele ficou com medo de passar muito perto da montanha-russa e colidir com ela.

- A babaquice da organização no domingo, de não deixar a gente ficar de pé, escorado nas grades de proteção. Tinha muita gente lá, tava praticamente lotado nos dois dias, e, no sábado, as grades ficaram CHEIAS de gente em pé, filmando e fotografando durante a corrida, inclusive nós. E ninguém tinha reclamado de absolutamente nada. E de repente, no domingo, vêm os hômi e mandam a gente sentar e ficar, igual cachorro.

Justificativa? “Vocês, ficando aqui, atrapalham a visão de quem está mais acima”. Primeiro que isso é mentira. Se atrapalhasse, alguém teria falado no sábado. Segundo, estando sentadinhos no primeiro degrau, a visão que ficou atrapalhada foi a nossa. Terceiro, ver uma corrida sem poder se mexer tira todo o tesão da coisa. O que pensamos foi que, pelo fato de a corrida de domingo ser transmitida pelo Plim-plim, eles quisessem passar uma imagem de organização. Mas isso também não faz sentido, ora. Uma corrida em que as pessoas ficam sentadas quietinhas é porque está muito chata, o que não era o caso do Desafio, mas era o que ia parecer na TV. Ou seja, sem explicações, bola fora total. Mas claro que não respeitamos isso ao pé da letra, conseguindo escapar pra grade vez ou outra.

Tirando esse contratempo, a prova foi ótima. O Alonso cometendo mais e mais erros (todos pensamos que ele seria super fodão no kart), vitória do promissoríssimo (?) Nasr, com Nelsinho e Beto Monteiro formando um podium todo brazuca, e Bianchi sendo campeão muito merecidamente com o 4º lugar. Massa foi o oitavo. Um mito, como sempre.

De modo geral, curti demais o evento. O custo-benefício vale muito a pena, a estrutura é legal, a arquibancada fica lotada de gente e, como já postei uma vez em algum lugar, nunca vi uma corrida de kart ser RUIM. Portanto, já convido vocês pro próximo Desafio, mesmo ele ainda não tendo data. Vamo que vamo!

P.S: Achei um site onde estão disponíveis as transmissões inteiras do Desafio, com a narração lá do kartódromo mesmo, contendo tudo o que falei no texto - http://www.brmtv.com.br/ - Vá em “Videos gravados” e escolha.

P.S.2: Perdoem este gato folgado pela demora com o texto. O fato é que, felizmente, minha semana passada foi CORRIDA :D


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