quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O quebra-cabeças de 2013*

* Por Rafael Lopes


Fim da temporada europeia e os boatos sobre o troca-troca de pilotos Fórmula 1 sempre crescem muito. É uma época tradicionalmente conhecida como “silly season” (temporada de tolices, em uma tradução literal). Neste ano, apesar da promessa de uma transição tranquila, alguns acontecimentos nas últimas semanas mudaram este cenário. E a grande chave do mercado tem sete títulos mundiais no currículo e atende pelo nome de Michael Schumacher. Uma nova aposentadoria – a primeira aconteceu ao fim de 2006 – do alemão abriria uma importante vaga na Mercedes para 2013. E um certo inglês está de olho nela.

Insatisfeito na McLaren, Lewis Hamilton teria recebido uma proposta de quase R$ 200 milhões (£60 milhões) da Mercedes para ser o principal piloto da equipe alemã a partir de 2013. O contrato daria todas as regalias ao piloto que não tem atualmente: lançar uma linha de produtos (ele tem contrato com a Reebok), ficar com os troféus originais de suas vitórias (por contrato, a McLaren é dona de todos – apenas Ayrton Senna conseguiu negociar uma exceção) e o status de líder da equipe, já que correria ao lado do amigo Nico Rosberg. De quebra, ainda se livraria do chefe Martin Whitmarsh, que já não aguenta mais os caprichos de Hamilton.

O que mais parecia uma notícia plantada por Simon Fuller, empresário de Hamilton, criador do programa “American Idol” e dono da XIX Entertainment, ganhou muita força nos últimos dias. Além disso, a Mercedes precisa de resultados nos próximos três anos: os acionistas da montadora alemã querem um título para justificar os altos investimentos no projeto da Fórmula 1. Para eles, a contratação do inglês seria a chave para conseguir este sucesso. O alemão Norbert Haug e o inglês Ross Brawn, chefes do time, sabem disso e já estão se dedicando ao projeto do carro para a temporada 2013. Falhas não serão mais toleradas na equipe.

A possível mudança de Hamilton abriria uma excelente vaga na McLaren. Ex-piloto de testes da equipe, o escocês Paul di Resta, após duas boas temporadas na Force India, pinta como o principal candidato, ainda mais depois de trocar de empresário – saiu Anthony Hamilton, pai de Lewis, e entrou Richard Goddard, que também cuida da carreira de Jenson Button e tem um bom relacionamento com Whitmarsh. Mas o nome de Sergio Pérez pintou com força nos últimos dias. O mexicano, membro da Academia da Ferrari, foi descartado pela equipe italiana na briga por uma vaga de titular em 2013. Insatisfeito, ele estaria procurando outras opções. Além disso, o “Ligeirinho” tem o apoio da Telmex de Carlos Slim, que estaria negociando com a Vodafone (patrocinadora principal da McLaren) uma parceria para a entrada da marca europeia no mercado latino de telefonia celular.

Na Ferrari, a dupla de pilotos não deve se alterar. Apesar de nada ainda estar assinado, Felipe Massa deve continuar por mais um ano na equipe italiana. A melhora de desempenho nas últimas corridas – Bélgica e Itália – e o apoio de Fernando Alonso para sua continuidade são fatores primordiais para isso. A decisão, contudo, não tem data ainda para ser anunciada pela direção da Ferrari. Ela pode acontecer durante nas próximas corridas ou apenas no fim da temporada.

E o Brasil tem boas chances de ter um novo representante na próxima temporada: Luiz Razia, que disputa o título da GP2, negocia com duas equipes médias por uma vaga de titular em 2013. Elogiado por Christian Horner, chefe da RBR e dono da Arden na GP2, o baiano conseguiu o apoio de dois bons investidores brasileiros para entrar forte na Fórmula 1. Além disso, ele participou do teste de jovens pilotos pela Force India na semana passada em Magny-Cours e foi bastante elogiado pelos engenheiros do time indiano.

Na Williams, a situação, apesar de parecer mais definida, também é incerta. O finlandês Valtteri Bottas, agenciado por Toto Wolff, sócio e diretor da equipe, é favoritíssimo a uma das vagas de titular. Pastor Maldonado e Bruno Senna disputam a outra. O venezuelano tem a seu favor a vitória no GP da Espanha e o patrocínio milionário da PDVSA e do Governo da Venezuela (R$ 81 milhões). Mas os inúmeros carros quebrados e as atitudes impensadas na pista pesam contra. Já Bruno tem uma verba mais modesta (cerca de um terço), mas a regularidade a seu favor. Ele precisa de um resultado de impacto e também de terminar a temporada com mais pontos que o companheiro para assegurar o cockpit no próximo ano.

Para encerrar: apenas a RBR já confirmou sua dupla de pilotos para 2013. Ela manterá o alemão Sebastian Vettel e o australiano Mark Webber, juntos no time austríaco desde a temporada 2009. Outra entre as principais equipes, a Lotus já disse que Kimi Raikkonen continua. Romain Grosjean, a não ser que faça outra besteira como a de Spa-Francorchamps, também deve ficar no time. Com tudo isso, deveremos ver no próximo ano a maior mudança nas vagas das equipes principais em muito tempo. Ótimo para a Fórmula 1 sair da mesmice.


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