quinta-feira, 5 de junho de 2008

NO TEMPO DO CARBURADOR II

Alô pessoal do BLOG da GGOO, estava pensando sobre o que escrever e eis que num estalo me vejo em 1977, estava no barranco do kartódromo, bem junto a antiga curva 3, não por coincidência a mesma que ficamos em cima em dias de GP Brasil de Fórmula 1 (poderíamos até dizer que a GGOO é sucessora fiel da turma do retão...) e no domingo do GP o mesmo virou um estacionamento de fórmula 1, nada menos de 7 carros estacionaram uns sobre os outros. A causa é que o asfalto, este mesmo que ficamos em cima, e que vemos o guard rail ao lado, ou embaixo (ainda com alguns trechos em amarelo e preto original), cedeu durante os treinos e que quando refeito, no sábado à noite, não sofreu o período de cura adequado, conseqüência: durante a prova o mesmo começou a se soltar e o resultado foi o descrito acima. O vencedor foi argentino Carlos Reutmann, com uma Ferrari, e, como todo bueno ermano, disse que a pista foi igual para todos e que ele passou mais de 40 vezes e não aconteceu nada com ele.
Neste dia após os sustos, foi uma festa de ver um monte de F1 transformado em sucata e como de costume muitas partes de carro viraram preciosas peças de algum torcedor.

Naquele tempo o pessoal do retão, ficava junto ao muro ou geralmente em cima dele, e ficava 3 ou 4 dias sem banheiros (e o pessoal reclama dos dias de hoje!), banhos, comida e principalmente sem dormir, porque dormir em barracas no retão era coisa do filme missão impossível. Só como lembrete a corrida acontecia em Janeiro/Fevereiro e o calor simplesmente infernal, sem trocadilhos.

No circuito antigo dois locais eram no mínimo especiais, no antigo portão 3 (setor A), embaixo da paineira, que se encontra até hoje no mesmo local, pois a torre de cronometragem era ao lado da arquibancada e se via a pista toda e o retão aonde não se via apenas a largada, coisa que se repete até hoje no setor G do circuito novo. O pessoal do retão era brindado com uma reta de 1 quilometro, que era precedido das curvas 1 e 2, inclinadas e que a maioria dos pilotos faziam as mesmas “flap” ou seja de pé em baixo. Hoje os pilotos reclamam da falta de controle de tração, mas ver Emerson, Pace, Lauda, Stewart, e tantos outros fazendo contra esterço a quase 200 por hora era algo indescritível: imagine curva a esquerda, a traseira fugindo, as rodas dianteiras apontadas para fora e a barata fazendo a curva! Como... não se sabe! Ou melhor, nós mortais não sabemos, mas era como ver uma jogada do Pelé, quem viu...viu, descrever a ação feita é muito difícil.

Hoje com autódromos tipo autorama, todos planos, sem subidas e descidas a coisa fica por demais monótonas e chatas mesmo!

Esta, infelizmente, foi a última corrida de José Carlos Pace, morto em acidente aéreo dias depois junto com Marivaldo Fernandez., a promessa de novos títulos mundiais esperaria mais alguns anos até aparecer o Piquet, que nesta época corria de Formula Volkswagen (categoria: Super Vê), com patrocínio da Gledson, e com gente que ficaria muito conhecida como Ingo; Guaraná e muitos outros.

Mas isso é assunto para outra coluna, um grande abraço e até lá...

3 comentários:

Marcos - Blog da GGOO disse...

Parabéns Dr. Roque!!
Mais uma vez nos brindando com uma belíssima estória!!
E repito, como já disse outra vez, dá uma pontinha de inveja quando leio esses relatos.
"Bem aventurados os que assistiram a F-1 em suas épocas áureas!"

Loucos por F-1 disse...

Show de bola sua coluna, Roque!
É sempre bom ler essas estórias antigas.
Esses foram grandes tempos da Fórmula 1.

Abraços!

Leandro Montianele

Igor * @fizomeu disse...

sugiro que a coluna do DR. ROQUE seja diária... tá convocado a passar a noite na fila conosco esse ano no gp brasil, nos contando essas ótimas histórias!!!